terça-feira, 23 de maio de 2017

Cenas Da Caatinga

                                                                                        
       Numa dessa  viagens que  sempre  faço para fugir do desassossego e dos horrores  da multidão, voltei em Porto Alegre -  pequeno povoado em Barragem de Pedra. Confesso que  vivo intensamente  e por sinal  sinto-me verdadeiramente livre nessas viagens. Eis, a cena bucólica,  repleta de lirismo  e tragédia que meus cansados e tristonhos olhos  deslumbram:  vacas e cavalos mortos, caveira vigiada  por  um  carcará ou urubu (verdadeiros donos de tais propriedades ), em contra partida  estamos na primavera catingueira, mesmo com uma seca severa.
As flores milagrosamente  despertam e desabrocham  cheias de beleza  e com um cheiro  que  visita a minha alma,  levando me para uma atmosfera  espiritual e bem mística (se olharmos atentamente para elas e deixarmos  seu cheiro penetrar na alma  naquele momento sentimos  a presença de Deus).
Completam o cenário  as casas abandonadas, a indústria da seca expulsou seus filhos para "sul maravilha", daí a desolação. Quando vejo o vazio desse sertão bravio fico feliz por saber que por essas bandas,   por tão cedo não vai haver aglomerados  de gentes e nem possibilidades de cidades, por  outro lado fico triste por saber que meus irmãos  catingueiros  estão sendo escravizados pela cultura do trabalho, do consumo num cenário bem mais cruel do que a vida simples e flagelada daqui da caatinga.
   
   


Um comentário:

  1. Ilustre e Amado Amigo Irmaõ.
    Poeta pensante e realizador de tanto saber e Paixão.
    Que a Força do Universo te sustente infinitamente e por todas Incarnações.
    Que o saber semeado por toda estrada se multiplique como as flores da Caatinga.
    Luz e Paz na Sabedoria do Supremo Criador e todas as Criaturas, seus Aluns e Discipulos.
    Namaste.

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